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Vamos avançar um pouco mais. Saímos do exame da rotina dos patriarcas e seguimos para a educação no contexto mosaico. Nesta sessão, observaremos algumas passagens bíblicas e verificaremos os elementos educativos presentes nos textos.
 

Ao mergulhar nas Escrituras, especialmente em Deuteronômio, sou profundamente tocado pela maneira como Deus estruturou a educação do Seu povo. A educação mosaica não era apenas uma transmissão de conhecimento; era um processo profundamente espiritual, comunitário e prático. A Palavra de Deus não era uma teoria distante, mas uma verdade viva que moldava o caráter, as escolhas e a forma de vida da comunidade da aliança.

Deuteronômio 5.1-33 é um bom ponto de partida. Enquanto leio este capítulo, percebo que Moisés convoca todo o povo, não apenas líderes ou anciãos. Isso mostra que a educação era para todos - homens, mulheres e crianças. Ele começa dizendo: "Ouve, ó Israel, os estatutos e os juízos que hoje vos falo aos ouvidos; aprendei-os e guardai-os, para os cumprir." (v.1). Isso me ensina que ouvir, aprender e praticar são inseparáveis. A instrução começa com uma escuta atenta, seguida pela internalização e finalmente pela obediência.

Aqui também vejo a ênfase na aliança. Deus não apenas deu mandamentos, mas reafirmou o relacionamento com Seu povo. A instrução estava enraizada em uma aliança viva — e isso me mostra que ensinar e aprender na perspectiva bíblica envolve vínculo, compromisso e reverência a Deus.

Deuterômio 6.1-25 é outro texto importante. Este capítulo é um verdadeiro manual de educação espiritual. O famoso Shema ("Ouve, Israel...") me confronta com a centralidade do amor a Deus em todo o processo educativo. Amar a Deus de todo o coração, alma e força (v.5) não é apenas um mandamento, mas o ponto de partida para todo o ensino.

O que mais me impressiona é a forma como o ensino deve acontecer: “As ensinarás diligentemente a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.” (v.7). Isso me mostra que a educação na comunidade da aliança era contínua, integrada ao cotidiano, e não limitada a um espaço ou momento específico. Fico desafiado a tornar meu próprio aprendizado algo constante, e a transmitir os valores de Deus com naturalidade em minha rotina.

Além disso, o ensino era visual, prático e simbólico (v.8-9) — envolvendo sinais nas mãos, entre os olhos, nas portas e umbrais. Isso fala de uma pedagogia que usa todos os sentidos, que envolve o corpo e o ambiente, para manter viva a memória da aliança.

 

Cronologicamente retornemos agora para Deuteronômio 1.1-32. Neste capítulo, Moisés revisita a história da jornada de Israel desde o Horebe até Cades-Barnéia. Ele relembra os erros, as murmurações e as consequências da desobediência. Fico tocado pela forma como a memória é usada como instrumento de ensino. A história da comunidade não é escondida, mas contada com honestidade para instruir, corrigir e orientar o futuro.

Esse processo me ensina que a educação mosaica incluía a aprendizagem a partir da experiência — tanto as vitórias quanto as falhas. Ensinar era recontar, refletir e extrair lições da caminhada. Isso me inspira a olhar para minha própria história com esse mesmo olhar pedagógico: onde errei, onde Deus me ensinou, e como posso crescer a partir disso.

Refletindo sobre essas passagens, percebo que a educação mosaica era profundamente relacional, espiritual e prática. Ela envolvia todo o povo, todos os dias, em todos os lugares. Era centrada na Palavra, mas também na vida real — nas ações, nas histórias, nas memórias.

Esse modelo me desafia a repensar meu próprio processo de aprendizado: estou ouvindo de forma atenta? Estou aprendendo para obedecer? Estou ensinando com minha vida, e não apenas com palavras?

Que eu possa crescer como um aprendiz fiel e um transmissor vivo da verdade de Deus, assim como foi planejado na sabedoria da educação mosaica.

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